sábado, 27 de agosto de 2011

Chamados a ser discípulos e missionários

 O apelo incessante que atrai uma pessoa levando-a a abraçar determinado serviço, a realizar alguma coisa da qual gosta, é definido no âmbito da fé como Deus. Isso mostra que só é possível compreender perfeitamente a vocação em uma dimensão de vida alimentada pela fé. Melhor dizendo: a vocação só pode ser entendida teologicamente, pois é uma realidade escatológica, em vista de um bem eterno e definitivo.
Teológicamente falando, a vocação é o chamado de Deus dirigido a todo ser humano, seja em particular, seja em grupo, em vista da realização de uma missão ou serviço em favor da comunidade. Como tal, atinge todos os seres humanos, pois todos são convocados por Deus, que "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4), Deus "nos escolheu em Cristo para sermos em amor santos e imaculados a seus olhos" (Ef 1,4). A vocação de toda criatura, especialmente a do homem, consiste em concretizar o plano de Deus delineado por aqueles dons que o Criador depositou nele.
A vocação não é algo humanamente criado. Ela descobre-se como ser vocacionado, chamado por Deus. É Deus quem toma a iniciativa de chamar. O ser humano deve apenas responder a esse chamado. Não cabe a ela começar o diálogo, mas apenas acolher o convite, o apelo divino: "Vós não me escolhestes a mim, eu vos escolhi a vós e vos destinei para irdes dar fruto; e para que vosso fruto permaneça" (Jo 15,16).
Como resposta ao chamado de Deus, a vocação deve inclinar-se na perspectiva do serviço. Ela requer doação, disponibilidade, entrega. E essa prontidão muitas vezes quer dizer renúncia a tendências e desejos bons. Renunciar não só a contravalores, mas também a valores, a qualidades, a aptidões. Com freqüência, diante dos apelos de Deus, das necessidades de uma comunidade, a pessoa é chamada a ir muito além da simples aptidão. Terá de superar certas inclinações e gostos pessoais para dar resposta coerente e eficaz ao chamado de Deus. Se entendesse a vocação simplesmente como aptidão, tendência terminaria até mesmo por trair o projeto de Deus.
A predominância do chamado fica mais evidente quando relacionada à missão. Segundo a Bíblia, o elemento central da vocação é a missão. Quando Deus chama alguém, chama-o para uma missão, para fazer alguma coisa em função de uma pessoa ou de uma comunidade. A missão é sempre um encargo. Ninguém escolhe uma missão, sempre a recebe de Deus. E, muitas vezes, para ser fiel a Deus e cumprir com fidelidade a missão, a pessoa precisa renunciar aos seus gostos pessoais e aptidões. Isso aparece de forma bem clara nos chamados relatos de vocação (Cf. Ex 3,1-15; Is 6,1-13; Jr 1,1-12; Lc 1,26-38). Neles "não é a pessoa que está em evidência". Tanto menos suas aspirações ou seus projetos. Não é nem mesmo sua relação com Deus. O centro mesmo é a missão, a tarefa que Deus escolheu. É isso que determina a ‘vocação’. É daí que decorrem todas as conseqüências.
A centralidade da missão, que mostra a vocação como serviço, diz muito claramente que a vontade de Deus é algo irresistível. No início pode haver resistências, mas aos poucos quem está sendo vocacionado, isto é, convocado, termina por aceitar a proposta de Deus. Essa aceitação pode ser tão radical que a pessoa é capaz de abandonar completamente seus projetos e interesses pessoais, pois é chamado a ser Discípulo e Missionário. Assumamos então, esse compromisso, ao qual, recebemos no sacramento batismal e, o confirmamos ao longo de nossas vidas. E com especificidade, tornando-se testemunhas vivas do Evangelho a exemplo dos santos e santas e da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe dos Homens que aceitou gerar em seu ventre aquele que é autor da vocação e da missão cristã.

Pe. Thiago da Silva Vargas
Pároco

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