Teológicamente
falando, a vocação é o chamado de Deus dirigido a todo ser humano, seja
em particular, seja em grupo, em vista da realização de uma missão ou
serviço em favor da comunidade. Como tal, atinge todos os seres humanos,
pois todos são convocados por Deus, que "deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4), Deus "nos escolheu em Cristo para sermos em amor santos e imaculados a seus olhos"
(Ef 1,4). A vocação de toda criatura, especialmente a do homem,
consiste em concretizar o plano de Deus delineado por aqueles dons que o
Criador depositou nele.
A
vocação não é algo humanamente criado. Ela descobre-se como ser
vocacionado, chamado por Deus. É Deus quem toma a iniciativa de chamar. O
ser humano deve apenas responder a esse chamado. Não cabe a ela começar
o diálogo, mas apenas acolher o convite, o apelo divino: "Vós não me escolhestes a mim, eu vos escolhi a vós e vos destinei para irdes dar fruto; e para que vosso fruto permaneça" (Jo 15,16).
Como
resposta ao chamado de Deus, a vocação deve inclinar-se na perspectiva
do serviço. Ela requer doação, disponibilidade, entrega. E essa
prontidão muitas vezes quer dizer renúncia a tendências e desejos bons.
Renunciar não só a contravalores, mas também a valores, a qualidades, a
aptidões. Com freqüência, diante dos apelos de Deus, das necessidades de
uma comunidade, a pessoa é chamada a ir muito além da simples aptidão.
Terá de superar certas inclinações e gostos pessoais para dar resposta
coerente e eficaz ao chamado de Deus. Se entendesse a vocação
simplesmente como aptidão, tendência terminaria até mesmo por trair o
projeto de Deus.
A
predominância do chamado fica mais evidente quando relacionada à
missão. Segundo a Bíblia, o elemento central da vocação é a missão.
Quando Deus chama alguém, chama-o para uma missão, para fazer alguma
coisa em função de uma pessoa ou de uma comunidade. A missão é sempre um
encargo. Ninguém escolhe uma missão, sempre a recebe de Deus. E, muitas
vezes, para ser fiel a Deus e cumprir com fidelidade a missão, a pessoa
precisa renunciar aos seus gostos pessoais e aptidões. Isso aparece de
forma bem clara nos chamados relatos de vocação (Cf. Ex 3,1-15; Is
6,1-13; Jr 1,1-12; Lc 1,26-38). Neles "não é a pessoa que está em
evidência". Tanto menos suas aspirações ou seus projetos. Não é nem
mesmo sua relação com Deus. O centro mesmo é a missão, a tarefa que Deus
escolheu. É isso que determina a ‘vocação’. É daí que decorrem todas as
conseqüências.
A
centralidade da missão, que mostra a vocação como serviço, diz muito
claramente que a vontade de Deus é algo irresistível. No início pode
haver resistências, mas aos poucos quem está sendo vocacionado, isto é,
convocado, termina por aceitar a proposta de Deus. Essa aceitação pode
ser tão radical que a pessoa é capaz de abandonar completamente seus
projetos e interesses pessoais, pois é chamado a ser Discípulo e
Missionário. Assumamos então, esse compromisso, ao qual, recebemos no
sacramento batismal e, o confirmamos ao longo de nossas vidas. E com
especificidade, tornando-se testemunhas vivas do Evangelho a exemplo dos
santos e santas e da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe dos Homens que
aceitou gerar em seu ventre aquele que é autor da vocação e da missão
cristã.
Pe. Thiago da Silva Vargas
Pároco
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